Com início no Sardoal ou em Vila de Rei, este percurso linear, com cerca de 28 km no traçado principal, oferece paisagens fantásticas que ficarão na memória de todos. Com algumas dificuldades pontuais plenamente compensadas pela beleza do território, o percurso segue não só por zonas altas e de meia encosta, particularmente ao longo da freguesia de Santiago de Montalegre (Sardoal), como junto às galerias ribeirinhas de cursos de água, no troço entre a Ribeira do Codes e a localidade de Cabecinha (Vila de Rei), local onde se observa um dos mais belos panoramas sobre a Albufeira de Castelo de Bode.
O percurso passa ainda por uma das áreas de maior interesse do
Concelho de Vila de Rei ? Os Poios ? local onde as cascatas, as
formações rochosas e a floresta são uma constante.
As características
geológicas do território a percorrer são de gênese xistosa e
grauváquica, apresentando conglomerados que, pela sua natureza, foram
explorados tanto pelo ouro, durante a Idade do Bronze até à ocupação
Romana (durante o Século I DC), como pelo estanho e prata (cujos poços
de exploração podemos encontrar nas imediações de Santiago de
Montalegre), provavelmente durante a Época Romana. Numa parte do
percurso de Vila de Rei, podemos encontrar as famosas conheiras, partes
integrantes das minas de ouro referidas, que ao contrário de outras
minas mais comuns, não necessitavam de ser exploradas em grandes túneis e
galerias subterrâneas.
No que toca à flora, podemos referir que as
galerias ribeirinhas por onde o percurso passa são de grande beleza,
onde se destacam os amieiros, choupos e os salgueiros, em sintonia com
outras espécies características da flora mediterrânica, tais como o
medronheiro, a murta, a gilbardeira, o pilriteiro, a aroeira, o
rosmaninho, a esteva, o sargaço, o estêvão, a giesta e a carqueja.
Paralelamente
a esta flora, a área circundante apresenta ainda um conjunto de
vegetação associada a afloramentos rochosos de notável dimensão. Apesar
de ambos concelhos serem sobretudo de natureza florestal, onde a
presença do pinheiro bravo e do eucalipto é notória, ainda é possível
encontrar manchas de sobreiros e carvalhos, espécies que eram mais
abundantes até meados do século passado.
Em termos de fauna, a
avifauna é sem margem de dúvidas a mais abundante, onde destacamos o
guarda-rios, o milhafre-preto, diversas espécies de garças, o
corvo-marinho, que encontrou sobretudo na barragem de Castelo de Bode um
habitat para viver, e algumas espécies particulares, tais como um
discreto casal de cegonhas-pretas que nidificam na zona da Ribeira do
Codes e outro casal de águias de Bonelli que de vez em quando se avistam
em voos de caça. Contudo podemos avistar outros animais, como o caso do
tímido esquilo vermelho e da lontra, nas Ribeiras do Codes e de
Andreus.
Qualquer que tenha sido o sentido do percurso tomado, à
chegada, é natural que o cansaço se faça sentir, mas a satisfação e a
riqueza da experiência vivida compensará tudo o resto, não fosse esta a
Grande Rota da Prata e do Ouro.