PR2 - Os Povos das Ribeiras de Piodão é um percurso que convida os caminheiros a explorar as verdes pastagens da Serra do Açor, uma região que ao longo dos séculos atraiu pastores, mercadores e até salteadores. A rota revela vestígios de um tempo distante, quando os Lusitanos, conhecidos pela sua habilidade na criação de cavalos, percorriam estas serranias e estabeleciam laços entre as comunidades através da antiga estrada real que ligava Coimbra à Covilhã. Esta via foi palco de intensos intercâmbios comerciais, onde caravanas de carros de bois circulavam, trazendo produtos como peixe, sal, carne, queijo, e até gelo, em direcção ao interior.
Este percurso atravessa áreas que, desde tempos remotos, são associadas a práticas agrícolas e pastorícias. Ao longo do trilho, os visitantes podem observar as pequenas leiras cultivadas em socalcos, que testemunham a capacidade dos habitantes locais em conquistar terras agrestes da Serra para a sua subsistência. A região, rica em história, foi também palco de ataques de salteadores, cujas incursões teriam contribuído para a união das pequenas comunidades de pastores, espalhadas pela serra, que criavam éguas, cabras, ovelhas e cavalos.
Além de percorrer o coração da Serra do Açor, o trilho leva os caminhantes até Chãs de Égua, onde se encontram as mais importantes concentrações de arte rupestre da região. Estas rochas gravadas, com figuras como antropomorfos, equídeos, espirais e formas geométricas, datam do período Neolítico até ao Bronze Final e da 1ª Idade do Ferro. A arte rupestre, associada a comportamentos ritualizados, reflete a ligação das antigas populações a este território, onde o culto e o domínio da terra se entrelaçavam.
Em Chãs de Égua, o Centro Interpretativo de Arte Rupestre oferece uma visão aprofundada sobre esta herança, destacando-se como um dos maiores atrativos culturais da região. O trilho oferece ainda vistas espetaculares para a paisagem montanhosa e para os pequenos aldeamentos que pontuam o percurso, permitindo uma imersão total na natureza e na história.
Este percurso, além de ser uma experiência física, é também uma verdadeira viagem no tempo, permitindo aos caminhantes explorar a rica herança cultural e natural da Serra do Açor.