Amarante é uma cidade encantadora situada no norte de Portugal, conhecida pela sua beleza natural e pelo charme das suas ruas históricas. Rodeada pelas verdejantes paisagens do vale do rio Tâmega, a cidade oferece um ambiente tranquilo e acolhedor, ideal para quem procura um refúgio da agitação das grandes cidades. Amarante caracteriza-se pelas suas casas pitorescas com varandas floridas e pela arquitetura tradicional que se harmoniza perfeitamente com a natureza envolvente. A vida na cidade decorre num ritmo calmo, onde a tradição e a modernidade coexistem em harmonia. Os habitantes de Amarante são conhecidos pela sua hospitalidade e pelo orgulho nas suas raízes culturais, refletidas em diversas festividades e na preservação de costumes locais. A cidade é também famosa pela sua gastronomia, que combina ingredientes frescos da região em pratos deliciosos e autênticos. Visitar Amarante é mergulhar numa atmosfera serena e autêntica, onde cada canto revela um pouco da sua rica história e cultura.
Roteiro Pedestre
O nosso roteiro conta com aproximadamente 5 km de baixa dificuldade e vai permitir conhecer algumas das mais emblemáticas ruas e pontos de interesse da cidade de Amarante.
Este inicia no parque de estacionamento da Florestal de Amarante. Escolhemos este ponto, por ser zona de autocaravanas, ter basante estacionamento e acesso descomplicado à A4.
No inicio o percurso segue pela margem esquerda do Tâmega, passa por baixo da Ponte de São Gonçalo e sobe o escadario que dá acesso a uma das mais movimentadas ruas da cidade, a "Rua 31 de Janeiro", aqui encontrará vários establecimentos de restauração nomeadamaente restaurantes com esplanadas panoâmicas sobre o rio, pastelarias com os doces tradicionais de região e "tascas" onde poderá degustar os famosos fumeiros amarantinos, onde destaco a centenária "Tasca Kilowatt".
O percurso continua até à rotunda do Arquinho onde encontrará os vestígios da Ponte Medieval do Arquinho e a Loja Interativa de Turismo.
Voltamos atrás, desta vez mais junto ao rio até atravessar a famosa Ponte de São Gonçalo.
Inicialmente, uma ponte medieval ocupava o local da atual Ponte de São Gonçalo, e foi crucial para o desenvolvimento da cidade, facilitando o comércio e a comunicação entre as margens do rio Tâmega. Contudo, essa ponte foi destruída em 1763 devido a uma cheia devastadora, o que levou à necessidade de construção de uma nova estrutura.
A reconstrução da ponte iniciou-se em 1765, durante o reinado de D. José I, com a intervenção do célebre engenheiro militar Carlos Amarante. A nova ponte, concluída em 1790, foi dedicada a São Gonçalo, o santo padroeiro de Amarante, que é profundamente venerado na região.
A Ponte de São Gonçalo destaca-se pela sua robustez e pela elegância das suas linhas arquitetónicas, características do estilo barroco. Composta por três arcos imponentes, a ponte não só serve como um importante meio de travessia do rio Tâmega, mas também como um símbolo da resistência e da fé dos habitantes de Amarante ao longo dos séculos. Além da sua função prática, a ponte é um ponto de encontro e um local de celebração durante as festividades locais, reforçando o seu papel central na vida comunitária da cidade.
A Ponte desempenhou um papel crucial durante as Invasões Francesas, especificamente na Segunda Invasão Francesa, que ocorreu entre 1809 e 1810. Este período é uma parte importante da história da cidade e da ponte, marcada pela resistência dos habitantes locais contra as forças invasoras.
Após atravessar a ponte, chegamos ao Largo de São Gonçalo, onde se encontra o Mosteiro de São Gonçalo.
A construção do mosteiro começou em 1540, durante o reinado de D. João III, no local onde São Gonçalo teria vivido e realizado muitos dos seus milagres. O mosteiro foi erigido para abrigar a sua tumba e perpetuar o seu culto, que já era bastante popular entre os fiéis. A edificação é um exemplo notável da transição entre o estilo manuelino e o renascentista, com elementos arquitetónicos que refletem ambos os períodos.
A igreja do mosteiro, concluída no século XVII, é particularmente famosa pela fachada imponente e pelo belo portal barroco, enriquecido com esculturas detalhadas. No interior, destaca-se o túmulo de São Gonçalo, adornado com relevos que narram episódios da vida do santo. O altar-mor, ricamente decorado, e os painéis de azulejos que revestem as paredes, são outras das suas joias artísticas.
O mosteiro não serviu apenas como um centro religioso, mas também desempenhou um papel importante na vida social e cultural de Amarante. Durante séculos, foi um lugar de peregrinação e de celebração de festas religiosas, especialmente as festas de São Gonçalo, que atraem ainda hoje muitos visitantes.
Com o passar dos anos, o mosteiro sofreu várias intervenções e restaurações para preservar a sua estrutura e o seu património artístico. Atualmente, o Mosteiro de São Gonçalo continua a ser um local de devoção e um importante ponto turístico, testemunhando a rica herança histórica e espiritual de Amarante.
O roteiro continua por uma calçada até à igreja de São Domingos. A Igreja é um monumento de grande valor histórico e arquitetónico. A sua construção remonta ao século XVIII, inserindo-se no estilo barroco que caracteriza muitos edifícios religiosos desse período em Portugal.
O projeto da igreja foi iniciado pelos frades dominicanos, que desejavam expandir a sua presença na região. A primeira pedra foi colocada em 1725, e a construção prolongou-se ao longo de várias décadas, sendo concluída em 1749. O edifício reflete a influência dos estilos arquitectónicos predominantes na época, com uma fachada sóbria mas elegante, e um interior ricamente decorado.
A fachada da Igreja de São Domingos é marcada pela sua simetria e pelo uso de elementos decorativos típicos do barroco. As pilastras, os frontões e as esculturas que adornam a entrada principal conferem-lhe uma aparência majestosa e imponente. No interior, destaca-se o altar-mor, com talha dourada exuberante, que é um exemplo notável do barroco joanino, caracterizado pelo seu detalhismo e opulência.
Além do altar-mor, a igreja possui várias capelas laterais, cada uma com o seu próprio estilo e decoração, refletindo a devoção a diferentes santos e figuras religiosas. Os painéis de azulejos que revestem algumas partes das paredes são também dignos de nota, apresentando cenas bíblicas e hagiográficas.
Ao longo dos anos, a Igreja de São Domingos tornou-se um importante centro de culto e de atividades comunitárias em Amarante. Embora tenha sofrido algumas modificações e restaurações ao longo do tempo, a igreja mantém a sua essência e continua a ser um testemunho da rica herança cultural e religiosa da cidade
Depois de terminar a calçada, chegará ao Largo de Santa Clara onde poderá visitar as ruínas do convento com o mesmo nome. As Ruínas do convento são um testemunho evocativo da rica história religiosa e arquitetónica da região. O convento foi fundado no século XIII, em 1255, por iniciativa de D. Mafalda, filha do rei D. Sancho I, e ao longo dos séculos desempenhou um papel significativo na vida espiritual e social da cidade.
O convento foi inicialmente estabelecido para acolher as irmãs clarissas, uma ordem religiosa dedicada à contemplação e à oração. Durante os séculos seguintes, o convento cresceu em importância e influência, recebendo várias doações e patronatos que permitiram a sua expansão e embelezamento.
Arquitetonicamente, o Convento de Santa Clara foi um exemplo notável da transição entre os estilos gótico e manuelino. A igreja do convento, construída no século XIV, destacava-se pela sua nave única e pelas capelas laterais ricamente decoradas. Os claustros e outras dependências conventuais refletiam a simplicidade e a austeridade características da ordem das Clarissas.
No entanto, o convento sofreu um declínio gradual ao longo dos séculos, especialmente após a extinção das ordens religiosas em Portugal, decretada pelo Marquês de Pombal em 1834. Com a expulsão das religiosas e a subsequente nacionalização dos bens e propriedades da igreja, o convento entrou num período de abandono e degradação.
Hoje, as ruínas do Convento de Santa Clara são um ponto de interesse histórico e cultural em Amarante. As estruturas remanescentes, embora em estado de ruína, continuam a transmitir a grandeza e a importância histórica do convento. Os visitantes podem explorar os restos das paredes, das arcadas e dos claustros, que oferecem um vislumbre do passado glorioso deste antigo centro religioso.
As ruínas do convento são frequentemente utilizadas para eventos culturais e exposições, contribuindo para a preservação e valorização deste património histórico. O local é um símbolo da resiliência e da memória coletiva de Amarante, lembrando a importância do convento na história da cidade e na vida espiritual das suas gentes.
Agora desce a rua, e, na interceção da Rua Teixeira de Vasconcelos, poderá apreciar o "Mural de Arte Urbana de Francisco Fonseca".
Subindo a rua, e, a escassos metros do mural, encontrará à esquerda a Igreja de São Pedro. A sua construção iniciou-se em 1727, durante o reinado de D. João V, um período marcado pelo esplendor do estilo barroco em Portugal.
A igreja foi construída para substituir uma capela mais antiga dedicada a São Pedro, que já existia no local. A nova edificação reflete a prosperidade da época, evidenciada na sua grandiosidade e na riqueza dos detalhes decorativos. A obra foi concluída em 1748, após mais de duas décadas de construção, e a igreja rapidamente se tornou um centro de culto importante para a comunidade local.
Arquitetonicamente, a Igreja de São Pedro é um exemplar notável do barroco português. A sua fachada é imponente e simétrica, adornada com elementos decorativos elaborados, incluindo nichos com estátuas de santos e um frontão triangular. O portal principal, ricamente decorado, é um destaque da fachada, convidando os fiéis e visitantes a entrarem.
No interior, a igreja apresenta uma nave única com capelas laterais, todas elas ricamente decoradas com talha dourada e altares esculpidos. O altar-mor é particularmente impressionante, com uma exuberante talha dourada que enquadra a imagem de São Pedro, o padroeiro da igreja. Os painéis de azulejos que revestem as paredes, representando cenas bíblicas, são outro destaque do interior, mostrando a habilidade e a arte dos azulejistas portugueses do século XVIII.
Ao longo dos anos, a Igreja de São Pedro foi palco de importantes eventos religiosos e comunitários em Amarante. Ela continua a ser um local de culto ativo, onde se celebram missas e outras cerimónias religiosas, mantendo viva a tradição espiritual da cidade.
A igreja tem sido objeto de várias intervenções de conservação e restauro ao longo do tempo, visando preservar a sua estrutura e o seu rico património artístico. Estas ações têm garantido que a Igreja de São Pedro continue a ser um testemunho vibrante da história religiosa e cultural de Amarante, atraindo tanto devotos quanto turistas que desejam apreciar a sua beleza e o seu significado histórico.
Depois da visita à Igreja de São Pedro, regressa à Rua Teixeira de Vasconcelos e continue a subir. O próximo ponto de interesse será o "Solar dos Magalhães". Erguido por volta de 1750, o solar foi a residência da proeminente família Magalhães, cujo patriarca, Manuel Magalhães, era um destacado comerciante e proprietário de terras. O edifício destaca-se pelo seu estilo arquitetónico barroco, caracterizado pela elegância e opulência dos detalhes decorativos. A fachada do solar é marcada por uma imponência sóbria, com janelas de moldura trabalhada e um frontão, que são características típicas da arquitetura residencial da época.
O interior do Solar dos Magalhães é igualmente distinto, com uma disposição de salas espaçosas e uma decoração que inclui elementos de talha dourada e azulejos, que refletem a riqueza e o status da família. O salão nobre, em particular, é um exemplo do requinte da época, com acabamentos sofisticados e uma atmosfera de grandeza.
Ao longo dos anos, o solar desempenhou um papel importante na vida social e cultural de Amarante, servindo não apenas como residência privada, mas também como um local para eventos e reuniões sociais.
Nos dias de hoje, o Solar dos Magalhães é valorizado como um importante patrimônio histórico e cultural da cidade. Apesar de ter passado por vários períodos de restauro e conservação, o edifício continua a ser um testemunho da riqueza histórica e da arquitetura barroca de Amarante, mantendo a sua importância na narrativa histórica da região.
Agora está na segunda zona comercial mais importante da cidade, em Santa Luzia. O roteiro seguirá por outra rua importante no panorama do comércio da cidade, a Rua Cândido dos Reis. Durante a descida passará pelo "Miradouro do Fontanário", cruzará novamente o Largo de São Gonçalo até chegar ao "Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso". Como o próprio nome indica, o museu é dedicado a um dos artistas mais notáveis de Portugal, Amadeo de Souza Cardoso. O museu, inaugurado em 1984, está localizado num edifício histórico que outrora foi a Casa da Câmara e o Cadeia de Amarante, um edifício datado do século XVII.
Amadeo de Souza Cardoso, nascido em Amarante em 1887, é reconhecido como um dos principais representantes do modernismo em Portugal, e a sua obra é marcante pelo uso inovador de formas e cores. O museu foi fundado com o objetivo de preservar e promover o legado artístico deste importante pintor, oferecendo uma visão abrangente da sua produção.
O espaço expositivo do museu é cuidadosamente projetado para destacar as diversas fases da carreira de Souza Cardoso, exibindo uma coleção rica de suas obras, incluindo pinturas, desenhos e outras criações artísticas. O museu também realiza exposições temporárias e eventos culturais que exploram não apenas a obra de Souza Cardoso, mas também o contexto histórico e artístico da sua época.
Além de ser um importante centro de arte, o Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso desempenha um papel vital na promoção da cultura e na educação artística, oferecendo programas educativos e atividades para a comunidade e visitantes.
O edifício que abriga o museu também é notável por si só, com uma arquitetura que reflete a história e a evolução de Amarante. Assim, o museu não só celebra a arte de Amadeo de Souza Cardoso, mas também contribui para a preservação e valorização do património histórico da cidade.
O percurso continua até ao Mercado Municipal que se realiza às quartas e sábados de manhã.
Desce novamente até às margens do Tâmega, desta vez na margem direita, neste ponto encontrará os spots onde poderá alugar um abarco ou gaivota para dar um passeio pelo rio.
O roteiro segue depois junto ao rio até às Azenhas, onde se inicia um notável percurso pedestre da cidade, "O Trilho das Azenhas". Aqui encontrará ruínas de uma antiga azenha, algumas pequenas lagoas e uma apequena praia fluvial. É aqui que se inicia a travessia das poldras, um dos pontos altos deste roteiro (só disponível no verão).
Após concluir a travessia, o roteiro seguirá pela interior Florestal de Amarante onde poderá encontrar muita sombra e bancos para relaxar contemplar a beleza ado local.
O roteiro terminará novamente no parque das Piscinas Municipais de Amarante, onde poderá usufruir destas instalações para se refrescar e descontrair da experiência.
Curiosidade
O doce de São Gonçalo de Amarante em formato de pênis é uma iguaria bastante peculiar e tem uma história que mistura tradição religiosa com uma dose de humor popular. Esse doce é conhecido por sua forma sugestiva e é especialmente associado às festividades em honra a São Gonçalo, o padroeiro da cidade.
A tradição de fazer doces em forma de pênis em Amarante está diretamente ligada à figura de São Gonçalo, que é venerado como o santo dos casamentos e das questões amorosas. A origem dessa prática é envolta em lendas e interpretações populares. O santo é associado a várias histórias sobre ajudar os solteiros a encontrar parceiros e a promover casamentos felizes. Em algumas tradições locais, o doce em forma de pênis é visto como uma forma bem-humorada de celebrar a fecundidade e o desejo de casar.
A não perder
Se estiver com tempo, aproveite para passar um dia ou uma tarde no Parque Aquático de Amarante. O parque, também conhecido como Amarante Water Park, é uma atração muito popular localizada nas imediações da cidade. Este parque oferece uma ampla gama de atividades aquáticas e atrações para toda a família, proporcionando um ambiente divertido e refrescante, especialmente durante os meses quentes de verão.
Explorar os trilhos da zona ribeirinha
Se ficar vários dias em Amarante, ou se ainda tiver energia, poderá fazer os percursos pedestres existententes na zona ribeirinha da cidade que são eles:
1 - Trilho das Azenhas (na margem direita para jusante da cidade)
2 - Trilho dos Castanheiros (na margem esquerda para jusante da cidade)
3 - Trilho Nossa Senhora do Vau (na margem direita para montante da cidade)