O Trilho do Vale do Glaciar inicia na Branda da Aveleira, um «plateau» de montanha situado no extremo norte da serra da Peneda. Partindo da sede do concelho, deve-se seguir pela estrada N202 em direção a Lamas de Mouro. A partir daqui, cerca de 12 Km percorridos surge a Branda da Aveleira, segue-se até ao restaurante ?O Brandeiro? onde tem início o percurso.
A importância deste trilho reside no pressuposto de que o mundo vivo e entre ele, nós humanos, temos as nossas raízes no chão que pisamos, isto é, nas rochas. Muitas ocorrências rochosas podem e devem ser entendidas como outros tantos documentos de uma história ainda mais antiga, processada ao longo de milhões e milhões de anos. Nelas reside a memória da Terra e da Vida e fazem parte do nosso Património Natural.
Não existe nenhum glaciar atual em Portugal, mas é possível encontrar vestígios da sua presença. Nas serras do noroeste de Portugal são muito frequentes os vestígios glaciários, nomeadamente na Serra da Peneda, uma montanha de grande beleza, cuja altitude ultrapassa os 1400 m, onde estão confirmadas marcas de grandes massas geladas resultantes da acumulação e compactação de espessas camadas de gelo.
Na branda da Aveleira, do ponto de vista geológico, predominam os xistos. Porém, ao palmilhar o território são vários os vestígios de depósitos glaciários que se podem encontrar. Aqui são frequentes penedos aborregados, superfícies polidas e estriadas, moreias, depósitos do tipo ?till? e blocos erráticos de granito assentes no xisto. São vestígios que resultaram da última glaciação do Quaternário, a Glaciação de Wurm.
Algum tempo depois do início da caminhada é atingido o ponto de confluência do Rio Aveleira com o Rio Vez. A partir daqui pouco-a-pouco, entramos no vale por onde passou o antigo glaciar, extinto há milhares de anos, formado por uma enorme massa de gelo, que por gravidade se deslocava lentamente, moldando a superfície da montanha, formando o característico vale em U.