O percurso tem início na Malveira da Serra, localizada nas faldas da Serra de Sintra. Atravessa sombrias matas plantadas, bosquetes com vegetação autóctone, áreas essencialmente ocupadas por espécies invasoras, matos de características mediterrânicas ou atlântico/mediterrânicas e prados. Na Peninha a paisagem é grandiosa: o Cabo Raso, o cordão dunar Guincho--Oitavos estendendo-se para o interior e para SE, denuncia a orientação dos ventos dominantes. A SO, já perto do mar, as aldeias da Biscaia e Figueira do Guincho, vestígios de antigos fornos de cal, pedreiras e ainda fortalezas que defendiam estrategicamente a costa. Todo este território e população são eminentemente rurais, gentes do campo dadas ao amanho da terra, à pastorícia, e até há bem pouco tempo à moagem nas azenhas e moinhos de vento, bem como aos fornos de pão e cal, de onde retiravam o alimento para o seu sustento e a matéria-prima para edificar as habitações. Um dos fornos de cal, o do Gaiteiro, situava-se no local de Almoínhas Velhas.Toda esta comunidade saloia possui características singulares nos costumes, na linguagem, nas crenças, no vestuário e até no modo de trabalhar.Saloio: palavra que deriva do arábico Çahruii e que significa o habitante do campo, o camponês no termo de Lisboa à data da sua conquista por D. Afonso Henriques.Ao longo deste percurso, encontram-se algumas das espécies do coberto vegetal original: o carvalho-roble (Quercus robur), o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), o carvalho negral (Quercus pyrenaica), os carrascos (Quercus coccifera), os sobreiros (Quercus suber), os zambujeiros (Olea europaeavar.sylvestris), os raros azevinhos (Ilex aquifolium), os loureiros (Laurus nobilis), os medronheiros (Arbutus unedo). Sempre que as condições de ensombramento ou humidade o permitem surgem a gilbardeira (Ruscus aculeatus), a hera (Hedera helix), a dedaleira (Digitalis purpurea) ou o trovisco-lauréola (Daphne laureola) associados ao cupressal. Nos matos são frequentes os tojos (Ulexsp.), o baracejo (Stipa gigantea), a cabola-albarã (Urginea maritima), a salsaparrilha-bastarda (Smilax aspera) as estevas (Cistus sp), as violetas (Viola odorata), o morrião-perene (Anagalis monelli), o trovisco-macho (Euphorbia characias), a torga (Calluna vulgaris) o alecrim (Rosmarinus officinalis).Apesar da beleza e magia envolvente, é bem evidente um dos problemas ecológicos mais graves do Parque: a difícil sobrevivência da vegetação natural. Após o grande incêndio de 1966 criaram-se condições para que invasoras como as háquias (Hakea sericea), o pitosporo (Pittosporum undullatum) e principalmente as acácias (Acacia melanoxylon e A. longifolia) ocupassem rapidamente os habitats disponíveis e se expandissem em grande escala de uma forma que ainda hoje não é possível controlar. Na generalidade, a fauna selvagem é difícil de observar, mas o percurso raramente se faz sem que pelo menos uma das rapinas mais comuns por estas paragens, a águia-de-asa-redonda ou o peneireiro-comum, surpreenda os caminhantes com o seu voo característico.