A PR3 desenvolve-se ao longo de uma extensa rech?, localmente denominada Cha da Serra, zona planáltica instalada entre o alto do Arrife e o anticlinal da Serra de Aire. No alto do Arrife, é possível visitar os Moinhos da Pena e aceder, no painel aí instalado, a diversa informação temática sobre este fantástico conjunto de moinhos de vento. Chega-se então a um local de grande contraste paisagístico, na transição de domínios geomorfológicos distintos: para norte, a Serra de Aire, integrada no Maciço Calcário Estremenho (MCE), onde impera a paisagem típica de uma região cársica, favorecendo o contacto com o calcário, a terra rossa e a sua típica vegetação; para sul, uma vista privilegiada sobre terrenos mais planos, onde as ribeiras e rios que nascem na base da escarpa do Arrife se estendem ao longo da Bacia Terciária do Tejo. Ao longo da Chá da Serra, percorrem-se caminhos rurais, entre extenso olival, aqui e ali com pequenos retalhos de cultura de sequeiro, ainda hoje praticada. No extremo norte desta pequena rota, será preciso caminhar cerca de 1 km ao longo da ribeira do Caneiro, entalhada nas formações calcárias do Jurássico Médio (164 - 174 milhões de anos). Chegando ao Bairro do Senhor da Serra, é possível fazer um desvio na rota e caminhar pela base da escarpa de falha do Arrife. Esta importante falha geológica constitui um acidente tectónico regional, ao longo do qual as formações jurássicas do MCE cavalgam sobre as formações terciárias da bacia do Tejo. Descendo paralelamente à escarpa do Arrife, por entre um frondoso bosque, chega-se à base da escarpa, junto à nascente da Pena d'Água, exsurgência cársica que alimenta a ribeira do Alvorão, tributária do rio Almonda. Estudos arqueológicos realizados no Abrigo da Pena d'Água permitiram identificar ocupações humanas do período Neolítico (10 000 a 5 000 a.C.), assim como o paleoambiente existente na altura. A paisagem envolvente era do tipo mediterrâneo, abundava a variedade brava de oliveira (zambujeiro), sendo o veado e o javali os principais mamíferos nativos de grande porte. Prosseguindo por esta variante da PR3, sobe-se a escarpa do Arrife, atingindo novamente a zona planáltica da serra e regressando ao troço principal da PR3, até ao Bairro do Senhor da Serra, onde foi edificada capela homónima.