O percurso inicia-se no largo da Igreja de Trigaches, uma pacata aldeia do concelho de Beja. As marcas do trilho conduzem o caminhante por ruas tranquilas até encontrar um antigo moinho de vento, hoje adaptado a habitação. É aí que se vira à direita e se mergulha verdadeiramente na paisagem rural do Baixo Alentejo.
Poucos metros à frente, surge um elemento curioso da paisagem: um moinho de bombagem de água tipo americano, testemunho de um tempo em que o vento puxava a água do subsolo com um simples sopro - engenho e simplicidade ao serviço da agricultura local.
O trilho continua com uma curva apertada à direita, entrando num troço plano ladeado por campos agrícolas. Após uma nova viragem à esquerda, desponta um olival centenário, com árvores retorcidas pelo tempo que guardam histórias e estações. A partir daqui, a natureza cede protagonismo à indústria - chega-se à pedreira de mármore, cuja entrada foi selada por grandes blocos de pedra para evitar acessos não autorizados.
Apesar da aparente inatividade, a pedreira continua em funcionamento, e o cenário impressiona. Para os mais curiosos, recomenda-se contornar pela esquerda do poço, até alcançar um miradouro natural de onde se pode observar toda a extensão da pedreira. É um local ideal para fazer uma pausa - contemplar, fotografar ou simplesmente absorver o silêncio quebrado apenas pelo vento. Atenção: o terreno pode ser escorregadio - especial cuidado com crianças - e é proibido mergulhar ou nadar.
A caminhada continua pelo mesmo acesso, agora em direção ao olival, e pouco depois alcança-se o antigo forno de cal, desativado no início do século XXI. Ali, um painel interpretativo conta a história da produção de cal na região, uma atividade marcante no passado da aldeia.
Seguindo o trilho, chega-se ao canal de irrigação, parte do gigantesco Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, responsável por abastecer a região com a água da maior albufeira artificial da Europa. O percurso atravessa pequenas quintas e, já às portas de Trigaches, passa-se junto ao lavadouro público, ainda hoje usado, e por uma pequena indústria de transformação de mármore, testemunho da resistência de um saber-fazer local.
A subida final leva-nos de volta ao ponto de partida, encerrando um percurso onde natureza, património industrial e ruralidade se cruzam de forma surpreendente e autêntica.