A Travessia das Serras da Peneda e Soajo, classificada e sinalizada como grande rota, percorre todo este complexo montanhoso, por caminhos e calçadas que dinamizaram um ecossistema de montanha, de diferentes contrastes às vezes suave e bucólico, outras vezes imponente e agreste.
Na paisagem sobressai o esforço de antepassados na conquista de solo agrícola, tão escasso que é nestas paragens. É disso exemplo os milhares de socalcos existentes, que atingem a sua magnificência na freguesia de Sistelo. Também expresso no extenso conjunto de infra-estruturas agro-pastoris sabiamente implementadas, como cortelhos, cortes, habitações, fojos, mariolas, vedações, calçadas, regadio, eiras e espigueiros. A Rota transita por distintos habitats onde alberga uma vasta e diversa comunidade florística e faunística. Percecionamos carvalhais galaico-portugueses, bosques ripícolas, prados naturais e semi-naturais de montanha, matos e lameiros. Este espaço natural sobrevive uma das espécies mais emblemáticas da fauna portuguesa - Lobo Ibérico (Canis lúpus signatus). A riqueza geológica e geomorfológica, tem uma presença bem marcada, onde se destaca o Alto Vale do Rio Vez um vale glaciar e o maciço granítico da Peneda. A importância histórica e antropológica desta travessia, expressa-se de uma forma consistente quando atravessa os aglomerados populacionais, nomeadamente as aldeias comunitárias e as suas respetivas brandas, transmitindo uma arte e uma sabedoria ímpar de sobrevivência em territórios de montanha. É neste contexto, que propomos ao montanhista, um passeio por alguns dias, carregado com uma forte componente humana e natural, num território moldado desde o megalitismo.