Entre Lombadinha (Gondoriz) e Oucias (Carralcova), na vertente oeste do complexo montanhoso das serras da Peneda e Soajo, propomos um percurso pedestre denominado de pequena rota com o objectivo do pedestrianista se associar á vivência das comunidades de montanha ainda presentes no território de Valdevez Logo pelo raiar do dia, o lugar de Lombadinha envolve-se num frenesim característico das comunidades de montanha, é o agregar da rês e a partida de vezeira.
Centenas de animais formam uma ampla mas bela onda viva de pequenas criaturas de cores suaves, perfeitamente na paisagem, que pelas inóspitas serranias, palmilham cada palmo de terra, ávidos pelos seus pastos. Os percursos de pastoreiro e a sua duração são condicionados pela época do ano, no entanto, o regresso ao lugar, quando o sol se põe para lá do Couto de Pena, é uma certeza. Com início junto da Capela de S. Lourenço, o trilho começa por percorrer parte de um velho caminho, que outrora representava a única ligação de Lombadinha com sede da freguesia e com a vila de Arcos de Valdevez. Por este percurso, inserido num denso carvalhal, que se desenvolve ao longo do vale da Ribeira de Porto Avelar, circularam pessoas, bens e ideias, até mesmo os defuntos com destino á sua última morada. Lendas, histórias e um sem número de peripécias, associadas ás viagens poe este trilho, fazem parte de imaginário colectivo local. Após a trans posição da ribeira, e ainda sob o mesmo carvalhal, atingimos o lugar de Oucias, onde se destaca um conjunto de campos chãos junto do lugar e um terraceamento acentuado em direcção á linha de água anteriormente referida. Nas suas imediações, surge um pequeno núcleo de campos de sequeiro que constitui a Branda de Azevedo, esta de cultivo, a qual apresenta uma elevada coerência paisagística. Ao longo do percurso a diversidade de património é vasta, calcorreamos e observamos, calçada, pontes, poldras, edifícios de granito com cobertura em telha, colmo e falsa cúpula, e um apurado sistema de regadio. A qualquer momento o contacto com o pastor e o seu rebanho é uma forte possibilidade e, se tal acontecer, não desperdice a oportunidade de conhecer, em pormenor o mais importante e mais antigo trabalho comunitário ainda hoje em actividade nestas comunidades de montanha.