Descendo o rio Lima, ao longo da Serra do Soajo, encontramos numa encosta da sua margem direita, uma pequena aldeia já com alguns séculos de existência. Dista 20 km da sede do Município de Arcos de Valdevez.
A pacata aldeia de Ermelo vive uma maior agitação quando, pela madrugada de 11 de Julho chegam grandes grupos de gente em peregrinação, vindos de várias freguesias do concelho de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.
Na venerada Igreja Românica, restos de um mosteiro grandioso que se levanta entre moradias que devem remontar ao princípio da nacionalidade, há também uma imagem de São Bento, o celebrado S. Bento de Ermelo a que todos os arcuenses são particularmente devotos. É uma graciosa imagem de madeira policromada e dourada, de feitura popular, que deve datar de uns duzentos anos a esta parte, sem dúvida nenhuma uma das mais tocantes imagens beneditinas do Alto Minho.
O povo institui-o o seu santo curandeiro para todos os "males ruins", mas com especialidades curativas para essas incómodas excrescências na pele das mãos denominados "cravos". Consta que os "cravos" nascem nas mãos de quem aponta e conta as estrelas ou os pontos luminosos que surgem de noite. O Senhor S. Bento (os santos, aqui, têm todos respeitosa senhoria...) é protetor contra essas malezas. Não só nos livra delas quando nos apoquentam como até, por sua intercessão, serve para nos livrar de tais tentações quando menos cuidadosos.
Caminhamos num único sentido, o antigo mosteiro, provavelmente edificado por D. Teresa, adoptou a ordem cisterciense no final do século XIII, integrando deste modo a área sob influência de Santa Maria de Fiães, por antigos caminhos de fé que guiaram desde sempre os peregrinos e romeiros. Ainda trilhadas por muitos devotos e forasteiros, permite ao caminhante sentir aspectos geográficos, sociais e religiosos de uma das mais típicas convivências do Minho ? Romaria de Ermelo, onde o religioso e o profano se conjugam em harmonia.