O percurso pedestre 'No Remanso da
Ribeira da Venda - Comenda' é um percurso pedestre de pequena rota. É
um percurso circular com uma extensão de 17 Km, que começa e acaba no
centro da aldeia de Comenda, que em tempos ido era conhecida por Castelo
Cernado, ou simplesmente por Castelo. Saindo do casario, seguimos pelo
Caminho das Quintas em direção a um dos locais mais antigos da
freguesia: o Vale de Grou. Aqui chegados, podemos refrescar-nos nas
frescas águas que correm abundantemente durante todo o ano, nas duas
bicas da fonte. Saciada a sede, passamos pelo Santuário da Nossa Senhora
das Necessidades, santa milagreira, adorada pelas devotas gentes de
Comenda. Com os afloramentos rochosos do ribeiro da Cabeça Cimeira,
conhecido ainda por ribeiro do Vale de Grou, já à vista, seguimos em
direção ao Monte da Ferraria Fundeira. Passando ao lado do Monte,
percorremos o caminho existente ao longo do curso da ribeira, que nos
há-de levar até à ponte romana do Parque de Merendas da Ribeira da
Venda, um oásis nesta planície. Nos dias de calor, a frescura do choupal
e os banhos nas águas frescas da ribeira, fazem as delícias das gentes
de toda uma vasta região. Logo ali, encontramos a primeira de muitas
sepulturas antropomórficas existentes ao longo deste percurso.
Continuando a seguir o serpentear da Ribeira da Venda, rumo a poente,
eis-nos chegados aos limites de uma das maiores herdades existentes na
região: a Herdade das Polvorosas. Um enorme penedo de granito, conhecido
das gentes locais, pelo nome da Laje do Gato dá-nos as boas vindas.
Seguindo por entre fetos, estevas e salgueiros, à sombra de extenso
montado, um estreito carreiro leva-nos até à ponte do Vale das Colmeias,
também conhecida por ponte do Braçal. Ponte antiga, de alvenaria de
pedra com enormes lajes a servir de tabuleiro, construída pelas mãos
calejadas de hábeis mestres deste ofício. Ponte que durante gerações e
gerações fez a ligação das duas margens da ribeira da Venda, junto ao
Monte do Braçal. Os mais antigos dizem ser este um dos dois caminhos que
ligavam a sede da freguesia à sede do concelho. Aqui, podemos
deliciar-nos, principalmente nos fins das tardes quentes de Verão, com
um dos mais bonitos pôr-do-sol que alguma vez se imaginou encontrar.
Passado este lugar de memórias e chegados ao alto das hortas do
Poceirão, por entre o verde do arvoredo da charneca, avistamos as
primeiras casas da pequena aldeia do Vale da Feiteira. Já no alto da
Herdade do Vale da Arrabaça, eis que se nos abre de par-em-par, uma
enorme janela para o Alentejo. O imenso montado de sobreiros e
azinheiras espreguiça-se até onde a nossa vista alcança. Com toda a
certeza, é um privilégio para qualquer um, contemplar uma das mais
bonitas paisagens de todo o Alentejo. Deliciados com este quadro,
seguimos o nosso passeio. Chegamos à antiga estrada da estação da
Cunheira, por onde se escoavam em tempos idos, as riquezas produzidas
nestas terras de Comenda: cereais, cortiça, lã, carvão, lenha, gado e o
precioso azeite. Percorrido este caminho de terra batida, bordejado de
flores de esteva e rosmaninho, entramos no largo solarengo da bonita
aldeia do Vale da Feiteira. A fonte, a igreja de S. José e as casas
baixas, marcam a ruralidade deste lugar.
Percorrido o povoado de ruas estreitas, não podendo deixar de passar
pela fonte da Poça, rumamos de seguida à Herdade do Casal, ou não fosse
este um lugar de herdades. As sepulturas antropomórficas, construções
funerárias escavadas na rocha, e o silo neolítico existentes nesta
herdade, são testemunho presente de que o homem percorre estes campos
desde há muitos, muitos séculos. Um pouco mais à frente, podemos
apreciar um conjunto de fornos de carvão, onde ainda hoje, se aproveita a
generosidade da Natureza, usando técnicas ancestrais, saber que passou
de avôs para netos. A fama dos carvoeiros da Comenda sempre foi
reconhecida por esse Alentejo fora. Prestes a chegar novamente à
Comenda, entrando agora pelo seu lado sul, podemos ainda apreciar a
primeira fonte de abastecimento público de água que se conhece: a Fonte
Velha, mais uma fonte de mergulho. Já nos arruamentos do núcleo urbano,
passamos em frente da Igreja Matriz, junto ao Mercado Municipal e ainda,
pelos diversos estabelecimentos do comércio tradicional. Por fim, sem
deixar de visitar a Fonte Nova, eis-nos chegados novamente ao ponto de
partida deste percurso. Terminada a caminhada, é tempo de retemperar
forças. E nada melhor para isso, seja à sombra das frondosas árvores do
Parque de Merendas da Ribeira da Venda, seja nos acolhedores
estabelecimentos de restauração existentes na freguesia, do que provar
os variados pratos da gastronomia local, com destaque para os pratos de
caça. Javali, lebre, coelho-bravo, perdiz, tordos ou pombo bravo, são
espécies ainda abundantes por estas paragens.