O PR4, "Rota dos Moinhos da
Ribeira de Margem", é um percurso pedestre de pequena rota, circular com
a extensão de 17 quilómetros, com partida e chegada em Vale de Gaviões.
O pedestrianista pode usufruir ao longo deste percurso da obra feita
pelo Homem e pela Natureza. Inicia-se no Largo Mouzinho da Silveira, em
Vale de Gaviões. Neste largo é possível observar a Igreja da Nossa
Senhora da Graça, padroeira da freguesia de Margem, bem como a estátua
erguida em homenagem a Mouzinho da Silveira, uma das personalidades mais
importantes da Revolução Liberal. Daqui segue-se para Vale de Bordalo
onde é possível contemplar a Fonte Velha. De seguida atravessa-se a
ribeira para a margem esquerda. Daqui, podemos avistar os canais do
regadio da Ribeira de Margem que regam no Verão as culturas do
feijão-frade. É então altura de se seguir em direção aos campos do
montado seguindo o trilho da cumeada podemos desfrutar do verde da
vegetação, bem como dos sons da natureza. Caminhando sempre para sul
chegamos à Ribeira de Sor, encimada pela ponte do Sume que nos leva ao
concelho de Crato. Aqui, existe um pequeno troço, onde a água desaparece
por entre enormes pedras de duro granito, ressurgindo mais à frente.
Prosseguindo em direção à foz da Ribeira de Margem, ponto de encontro de
três concelhos distintos: Gavião, Ponte de Sor e Crato. Podemos
apreciar os imensos moinhos que ainda perduram no tempo e que denunciam a
relação entre o Homem e a Natureza. É possível ver o que resta de um
antigo núcleo moageiro que outrora tanto contribuía para o sustento da
região. Junto aos moinhos é quase sempre possível observar a casa do
moleiro, com o respetivo forno construído com tijolo de burro, bem como
as levadas que eram construídas com o intuito de levar a água até aos
rodízios dos moinhos. Ao longo da Ribeira de Margem são ainda visíveis
as várias marmitas de gigante, um fenómeno da natureza. Nas margens da
Ribeira, também os afloramentos rochosos estão presentes em grande parte
do percurso em harmonia com os moinhos. As suas formas despertam a
nossa imaginação. Indo para o Moinho do Torrão é possível apreciar-se o
contato direto com a natureza, observar a fauna e flora local. O
percurso atravessa o povoado para permitir o contato com a população
local. Seguindo para norte é paragem obrigatória a Fonte do Vale dos
Pereiros. Continuando o percurso, é altura de cruzar a ribeira
novamente, passando para a sua margem esquerda, em direção ao Vale da
Madeira. Chegando lá, é tempo de saciar a sede na água fresca que corre
na bica da Fonte Velha da aldeia. Feita esta pausa, é tempo de
calcorrear o último troço desta rota. Cruza-se mais uma vez a ribeira
pela ponte existente à entrada de Vale de Gaviões. Já no núcleo urbano e
antes de chegar ao Largo Mouzinho da Silveira, pode ainda visitar a
Fonte Velha, uma das mais antigas da povoação. Chegados ao fim deste
Percurso e para terminar esta caminhada em beleza, nada melhor que
provar os deliciosos pratos da gastronomia local, confecionados com
ingredientes locais, segundo as receitas que passaram de avós para
netos. O mais difícil é mesmo escolher: carne ou peixe.
Quanto à carne, a sopa seca é a joia da coroa. É um prato farto em
carnes de porco e aves, acompanhadas com os apreciados enchidos dos
fumeiros da tia Florinda e da tia Edviges Couteiro. O caldo da cozedura
destas carnes, ensopa grossas fatias de pão de trigo, cujo grão era
moído, antigamente, nos moinhos da ribeira de Margem, cozido nos fornos
de tijolo burro, aquecidos com a lenha de esteva, que se apanha na
charneca. Outro dos pratos de carne, muito apreciado por aqui, são os
chamados assalhões: carne de porco frita, cortadas em pedaços, temperada
com massa de alho e pimentão. Quanto aos peixes, o bacalhau assado, as
sardinhas assadas ou o atum, acompanham sempre, mas sempre, o famoso
feijão-frade da ribeira de Margem. Tudo isto, acompanhado pelos
excelentes vinhos produzidos na freguesia. Boa caminhada e... bom
apetite!